"No câncer de testículo estadio clínico I a observação é a regra."
Atualizado em junho/2018
Leandro Miranda
Nesse trabalho, os tumores que mais recorreram, como era de se esperar, foram aqueles não-seminomatosos e com invasão angiolinfática (20% de recorrência), em comparação aos seminomatosos (10%). Quando recorriam, os primeiros o faziam mais precocemente (90% nos 2 primeiros anos de seguimento), enquanto os último mais tardiamente (90% nos 3 primeiros anos).
Esses dados nos permite supor que é viável observar pacientes estadio I (relembre a classificação) após a orquiectomia radical, principalmente os de baixo risco. A probabilidade de recorrência tumoral é baixa e, quando ocorre, acontece nos primeiros 2-3 anos.
O que isso significa? Simples. Apenas vigilância pode evitar que 80% dos pacientes sofram desnecessariamente uma linfadenectomia retroperitoneal. Além do mais, a conduta expectante tem a vantagem óbvia: privar o doente das complicações da cirurgia e da quimio ou radioterapia complementares, como infertilidade, ejaculação retrógrada, cistite, enterite e até surgimento de novos tumores futuros.
Logicamente, para ser elegível à observação, o paciente precisa ter seus marcadores negativados e não apresentar massa retroperitoneal ou mediastinal suspeita.
A sobrevida câncer específica geral foi de 99,7% em 5 anos, mostrando que "não fazer nada" nesse caso compensa.
Não é um estudo prospectivo com grande seguimento e com grupo controle, mas sem dúvida é um estudo esclarecedor e corrobora o que já fazemos há algum tempo: "PRIMUM NON NOCERE".
Referência:
1. Kollmannsberger C et al. Patterns of Relapse in Patients with Clinical Stage I Testicular Cancer Managed with Active Suveillance. JCO, January 2015 Vol. 33